Educação Consciente

Olhar para a infância que tivemos nos traz dor. Isso mesmo, principalmente quando você acreditava que a sua infância foi linda e divertida, regrada por amor e respeito.

O processo de autoconhecimento é um caminho dolorido, mas, acredite, é libertador. Porque quando se entende de onde se veio, que mecanismos você utilizou para sobreviver, pode, então, traçar um caminho consciente para onde se quer ir, se asssim desejar. Ou apenas, guardar tudo numa caixinha e seguir usufruindo dos benefícios do personagem criado lá atrás, pelo menos você saberá que agiu com base na suas dores de infância.

Primeiro vou te explicar um pouco sobre o bendito do personagem. A autora Laura Guttman, no seu livro Biografia Humana, traz de forma clara, como vamos nos adaptando para tentar encontrar afeto, amor e atenção durante a nossa infância.

Essa busca é tão deseperadora que confundimos, por exemplo, o olhar, mesmo que de reprovação, com amor. E ainda confundimos colo com atenção, quando somos acolhidos por alguém, quando nos machucamos. A assim, vamos moldando nossos comportamentos, nos tornando mais obedientes, mais responsavéis ou mais revoltados, mais guerreiros ou ainda grandes vitímas da vida.

Assim crescemos e seguimos alimentando nosso personagem – seja lá do que for, de dragão, de rainha, de vitíma – buscando situações e pessoas que vão nos ajudar a manter “viva” a procura deste amor. Pois, o nosso cérebro registra, inclusive a violência como forma de amor.

A maternidade, paternidade, grandes perdas, doenças que nos foge do controle são ativadores de mergulhos profundos no autoconhecimento. Isso acontece, porque essas vivências nos traz à tona a possibilidade de analisar: QUEM EU SOU?

Eu gosto de falar da maternidade, porque foi aí que o meu mergulho começou. A maternidade, que todos dizem ser a fase mais linda da vida, traz a superfície as nossas sombras de infância, e sentimos na pele, o quanto nos custa dar o que não recebemos. Claro, que com tamanha compaixão, é necessário entender o quão difícil também deve ter sido para nossas mães e mais ainda para nossas avós e como foi pior a cada geração acima.

Apendi na minha infância a ser mental, então, costumo buscar respostas lógicas para tudo. Também amo escutar histórias e tentar encontrar associações. E não consigo expressar a minha tamanha satisfação ao perceber que hoje, adultos, somos marionetes das nossas infância.

E óbvio, que essa satisfação logo foi tomada por um desespero, pois se assim é, e não podemos voltar à infância e viver novamente, o que fazer?

Primeiro reconhecer que este período da nossa vida poderia ter sido mais lindo, deveríamos ter recebido amor, mais escuta e mais respeito e não foi bem assim que aconteceu. Depois tomarmos a consciência que temos a possibilidade de dar algo muito maior aos nossos filhos. Para que não seja tão difícil para eles dar amor e afeto aos nossos netos.

Saber, que temos nas nossas mãos, a possibilidade de quebrar uma cadeia transgeracional e contribuir para um futuro mais lindo e amoroso para a humanidade, é gratificante e empoderador.

Ao percorrer a minha biografia humana, eu aprendi a olhar com generosidade para todo o meu sistema familiar, toda a minha origem: meus pais, meus avós, bisavós, as pessoas que existiram antes, para que hoje eu possa estar aqui.

É claro que existem pessoas e famílias com tamanha toxicidade que o melhor que se possa fazer por elas e para a nova família que criaram, tristemente, é se afastar. Por sorte, não foi a o meu caso.

Confesso, que sou grata por ter chegado onde estou hoje. Ser grata àqueles que me passaram alguns valores na infância, mesmo que de uma forma nada amorosa, ou pouco amorosa. Pois foram estes valores que me permitiram estar aqui, sentada a frente do computador, escrevendo este artigo. Contando sobre o meu processo e te enconrajando a percorrer também o seu caminho de luz.

Sem dúvida, é importante ter a consciência que a vida foi passada de geração em geração. Antigamente, com menos consciência, muitos tiveram que dizer sim, inclusive eu, para que hoje eu possa ser exatamente quem eu sou, ou seja, uma combinação única dos sistemas familiares de meu pai e de minha mãe.

Ser o que eu sou, não significa, parar e amar todas as minhas características, inclusive aquelas que foram deturbadas na minha identidade. Significa que estamos dando o primeiro passo para olhar para o nosso EU e desenhar a partir daí o que desejo para a minha vida.

Ao estudar física quântica compreendi que existe um fio energético que liga todos nós. E talvez sem ter certeza do que desejavam, meus antecedentes acreditaram que se uniam por amor. E foi a partir desta crença, que ligou os corações destas pessoas e hoje, também está ligado ao meu coração.

O mínimo que posso sentir é compaixão por meus antecedentes, não importa o que aconteceu, não importa onde meus pais estão hoje, precisamos entender que estamos completamente conectados a eles e a todas estas gerações.  

A compaixão traz ao meu coração muita força, recursos e habilidades. E a autocompaixão me faz acordar a cada dia buscando seu uma mãe melhor, uma filha mais carinhosa, um ser humano mais disponível, tendo em conta que nunca serei perfeita em nenhum destes aspectos.

Hoje olho para mim mesma e digo SIM, para tudo que eu sou, não apenas LUZ, mas também SOMBRA. Digo sim para minha inteligência, para aquilo que é o meu melhor, para minhas habilidades, para minha contribuição com o mundo, para minha maneira única de amar as pessoas, mesmo que estes sejam os benefícios que tem o meu personagem.

E claro, que digo sim também, para minha natureza infantil, para os meus medos, para minhas dores. Pois assim que paro e reconheço que minhas atitudes estão vindo de feridas da infância, acolho com amor e me posiciono como adulta, e assim, amadureço.

Embora seja bem dolorido, eu também digo sim para todas as minhas incertezas, indecisões, para aquilo que menos gosto em mim e que durante muito tempo tentei esconder. Tirar as vendas dos olhos, nos faz enxergar que o auto engano traz um preço alto a se pagar.

E quando começamos a ser verdadeiros com nós mesmos, não precisamos mais sustentar papéis dentro de casa, da nossa família ou para a sociedade. Pois agora, eu sou o que sou, e olho para mim com amor e generosidade. Com a fé de que posso e vou sim, deixar algo melhor neste mundo.

Quando me vejo sob esta perspectiva ampliada, percebo que nunca estive sozinha, que nenhum ser humano está sozinho. Percebi que as pessoas são o que são, assim como eu, baseada nas suas histórias de infância, mas que podem modificar a forma de enxergar e se comportar diante da vida.

Entendi que não sou a única a conhecer e sentir a dor do desamparo e do desamor na infância. Que assim como eu, meus antecendentes conheceram o sofrimento e também sentiram suas dores. E que todos nós comaprtilhamos o desejo de ser feliz. Todos que vieram antes de mim enfrentaram desafios, sonharam, amaram e seguiram em frente.

Hoje, ao olhar para atrás, repito, sinto amor e compaixão por aqueles que me criaram, deixando que suas histórias e seus erros pertençam a eles. Libero julgamentos e me conecto com o fluxo do amor e a força da gratidão (Aliás, saiba que a frequência da gratidão é uma das mais altas). E assim, retiro o olhar para cima e direciono para baixo, para os meus filhos, pois a infância é sim o momento mais rápido da vida.

E são as memórias criadas neste período que vão conduzir também a vida deles. E hoje, consciente, eu tenho o poder de moldar essa infância e adolescência, com o todo o amor que eu conseguir criar, muitas vezes partindo de vazios.

Eu ao acordar digo sim para quem sou, faço questão de comandar uma ordem de gratidão para a minha vida. Acolho o que me chega ao longo do dia e tranformo o que me cabe. Posso te garantir que a cada dia, minha vida vem se tornando mais bela e leve.

E você, como sente diante de seus sistemas familiares? E como se sente diante da vida e dos desafios que tem buscado todos os dias para superar suas feridas abertas do passado?

Compartilhar

Posts Recentes