Muitos pesquisadores vêm alertando para a importância do autoconhecimento, a fim de olhar para os seus sentimentos, para o seu “eu interior”, para a “sua criança” e assim alcançar uma transformação.
Inesperadamente, a pandemia fez com que muitas pessoas tivessem que conviver apenas com elas mesmas. Assim, começaram a observar seus sentimentos, seus medos e a forma como têm levado a sua vida.
Sempre gostei do olhar para si. Sabemos que grandes transformações só ocorrem em momentos de grandes tensões.
A pandemia não deve nada de lindo, mas se precisamos buscar algo positivo nisso tudo, podemos olhar para o processo como casulos.
Isso mesmo, fomos obrigados a ficar em nossos casulos para nos transformarmos em borboletas e assim, alcançarmos voos.
O processo também foi importante para reforçar algumas teorias de que o ser humano, não nasceu para ficar isolado, ao contrário, nascemos para viver em tribo.
Nesse sentido, trago hoje um assunto muito importante na nossa vida: o olhar para a nossa criança interior.
Apesar de termos nos tornado adultos, não significa que devemos deixar as etapas vividas para trás.
Sabe por que? Porque é a infância quem conduz a sua vida adulta.
Mas é importante ressaltar que também não é saudável viver constantemente no passado. Pois precisamos amadurecer sempre em harmonia e com felicidade..
Estou trazendo esta alerta porque é comum ver pessoas se sentirem frustradas, infelizes, incompletas.
E mesmo que aos olhos dos outros, essa pessoa tenha tudo para ser feliz, ela na verdade sente um vazio imenso no seu interior.
Então, vamos falar da criança interior
Criança interior é um termo que as pessoas estão começando a ouvir com mais frequência.
E o que significa esse termo? Significa que todos nós temos a nossa criança interior. A saber, é essa criança que nos ensina como nos mantermos entusiasmados, como levarmos uma vida mais leve, cheia de humor e espontaneidade.
Se você leu até aqui vou falar algo: Não ache que este texto não é para você, pois se um dia você teve uma infância, fácil ou difícil, esse texto é sim para você.
Se você tem filhos, saiba que esse texto é sim para você. Não quero lhe deixar com o peso da culpa nas costas, mas saiba que seus filhos se tornarão adultos conscientes se você ensinar na infância um pouco de inteligência emocional.
E como ensinar algo que não nos foi ensinado? Aprendendo…Simples assim.
Na verdade, de acordo com a psicologia de Jung a criança interior é a nossa verdadeira essência.
Ele fala também do inconsciente coletivo, onde as pessoas usam ideias e imagens herdadas para responder ao mundo de certas maneiras.
Se você quer entender isso mais profundamente, em primeiro lugar, olhe uma criança e veja quantos atributos ela tem: criatividade, curiosidade, sensibilidade, entusiasmo, amor a vida, inocência, falta de medo e sinceridade.
Nós, quando crianças, tivemos todos eles, entretanto, fomos perdendo ao longo da vida.
Aliás, muitos estudos na área da psicologia têm mostrado a importância da infância na vida de um adulto. Segundo Carl Gustav Jung, o que vivemos na infância impacta o resto dos nossos dias.
E podemos sair um pouco da psicologia também e ir para as neurociência, uma ciência super atual. E acredite, eles mostram com estudos, que a vida adulta também é pautada na infância que tivemos.
Infância perfeita?
Ainda que você acredite que alguém teve uma infância perfeita, saiba que não existe isso de infância perfeita, a sua não foi, a minha não foi e dos seus filhos também não será.
Sabe por que? Porque de 80 a 95% das pessoas não receberam a atenção adequada quando criança.
Sobretudo, não significa que nossos pais não nos amaram, ou que não amamos nossos filhos a ponto de lhes dar o melhor. Todavia, posso afirmar que a maioria dos pais não sabe o que é o amor de pai/mãe.
Afinal, como isso funciona? Da seguinte forma: os pais/cuidadores têm uma influência direta sobre os filhos, pois tudo que é falado por eles é aceito como verdade absoluta pela criança.
Dessa maneira, todas estas verdades que elas acreditam serem absolutas são registradas internamente e assim, todas as atitudes na vida delas serão pautadas nestas verdades.
Tenho lido muito sobre o assunto e vejo que existem vários meios de demonstrar amor, entretanto, existem outras tantas formas de sentir esse amor.
Então, saiba que você pode dar todo o amor que existe no seu ser para alguém, mas esse alguém deve também entender que, o que você está dando é o mais puro amor que você consegue dar.
Entenda e coloque isso na sua cabeça:
“Cada pessoa só pode dar aquilo que tem para dar.“
Meus pais e os pais de vocês, leitores, foram perfeitos, ao olhos deles, pois nos ensinaram muitas coisas lindas e nos passaram valores importantes. Mas posso afirmar que passei e provavelmente você também passou, por coisas que nos causaram muita dor.
E se essa infância foi pautada na violência, fisica e/ou invisível, no medo, muitas feridas foram causadas.
Estou falando de feridas emocionais. Aquelas que não deixam cicatrizes no corpo, mas deixam marcas profundas na alma.
Tristemente, posso afirmar qu nos lares que existem agressões muitas físicas e psicológicas a dor é gigante, podendo inclusive estar associado a trasntornos mentais.
O que posso dizer é que quanto maior a dor, mais longo será o processo de entendimento e transformação.
E quanto maior a trasnformação, maior a dor. Mas esta dor não chegará nem perto da dor sentida pela criança que você foi. Esta dor da idenficação, nomeação e organização dos eventos na sua psique é libertadora.
E além disso, é um processo necessário para te fazer crescer, amadurecer e se comportar com um adulto e como uma criança que ativa a todo momento seus gatilhos de sobrevivência, que chamamos de reações automáticas.
Em outras palavras, é importante saber que as dores da criança são carregadas por toda a sua vida e influenciarão diretamente na sua vida adulta.
Se você muitas vezes se sentiu rejeitad@, abandonad@, criticad@ e ainda na sua fase adulta continua atraindo situações que lhe façam sentir essa rejeição, abandono e críticas, então pare um pouco e observe. Posso te garantir que já passou da hora de olhar para sua criança interior.
Por que você deve olhar para as dores da sua criança interior?
É provável que muita gente se pergunte: por qual razão devo olhar para a minha infância e buscar as mais duras lembranças e as que ainda, me causam dor ao serem lembradas?
Porque é quando olhamos para nossas dores que conseguimos sair da nossa zona de conforto. E é exatamente esse desconforto de acessar essa lembrança que traz à tona emoções tão fortes que nos fazem chorar, sentir tristeza, às vezes raiva, outras vezes, um vazio imensurável.
A verdadeira história da nossa infância, muitas vezes, inclui abusos e muito sofrimento em silêncio.
E preciso ter lembranças para olhar para infância?
Não. Mas elas começaram a aparecer quando a sua psique começar a ser organizada.
Vou te explicar cientificamente como isso acontece. Muitas das coisas que vivemos na infância foram tão difícies e doloridas, que a psique por não conseguir se organizar, deixa essa memória no subconsciente.
Entretanto, quando começamos a nomear, a psique começa a se organizar e as memórias começar a “subir” para a consciência.
Então, você começará a ter lembranças que você nem sabia que tinha. As vezes vem em sonhos também.
O fato é que, quando entramos em contato com nossos reais sentimentos, inclusive dores reprimidas e simplesmente acolhemos a nossa criança, passamos a olhar para aquele momento de outra forma, com mais carinho e compaixão por nós mesmos.
Mas é claro que as suas lembranças positivas também serão lembradas, aliás, são elas que trarão paz, criatividade e tranquilidade.
Se você não está entendendo, então vou lhe explicar.
O simples fato de olhar para a sua infância, para momentos específicos, traz a flor da pele emoções, e quando você olha para essas emoções, as nomeia e as entende, começa a perceber que aquela criança poderia e merecia ser cuidada, mas que agora a única pessoa que fará isso por essa criança é você.
E você mais do que ninguém sabe como gostaria de ser cuidado (a), assim, acontece o processo de trasnformação, o mesmo que algumas pessoas chamam de cura.
Olhar para as suas feridas com muito amor, sem julgamentos e desta maneira, mergulhar no seu passado, lhe permitirá entender o que se passou com você e como você pode se transformar hoje na pessoa que você veio ao mundo ser.
Vou dar um exemplo da importância de se olhar para a criança interior, usando o depoimento de uma pessoa real: o meu.
Depoimento
Eu sempre tive uma imensa vontade de viver.
Você pode se perguntar: Quem não tem? Mas a minha vontade de viver sempre foi diferente. è viver intensamente. Eu não nunca tive medo de morrer, mas sim, de morrer se viver como eu deveria, de maneira intensa.
Numa sessão de thetaheling, num dos cursos que fiz, a instrutora chamaria alguém para receber amor incondocional ainda no ventre da mãe.
E vou nesta sessão que eu me conectei com sentimentos que vivenciei no utéro da minha mãe.
E entendi que foi o medo dela de me perder, que me trouxe essa imensa vontade de viver antes de morrer, como aconteceu com meus irmãos, que tiveram no utero dela antes de mim.
Eu conto toda esta história em um dos capítulos no meu livro “Encontro com o a Amor”
Como olhar para a sua criança interior?
Vamos voltar a criança interior. Primeiramente não ache que está fazendo algo feio ou sem importância. Olhar para você traz a consciência do que você tem dentro de si, e principalmente, o que você está oferecendo ao mundo, mais precisamente, as pessoas ao seu redor.
O simples fato de olhar para sua história e acolher o que lhe aconteceu, faz com que a arte de confiar volte até você. É importante ter, neste momento, muita amorosidade por você e por sua história. Olhar sem julgamentos.
Que tipo de julgamentos estou falando? Falo do julgar nossos pais. É importante olharmos para nossa infância sabendo que nossos pais nos deram o melhor que tinham para dar, que muitas vezes não conseguiam um equilíbrio emocional para lidar com a situação A ou B.
Antes disso, saiba que suas dores e crenças estão fazendo com que você continue reagindo a tudo que remete à elas.
Como entrar em contato com a sua criança interior?
- Pense na sua infância. Que memória vem primeiramente a sua cabeça?
- Como você se sente em relação a essa memória?
Após olhar para esse momento, entender que tipo de sentimento você sentiu ou está sentindo, imagine-se abraçando sua criança, deixando claro que você está ali para apoiá-la (a criança que você foi) e que tudo vai dar certo.
Lendo assim, parece mesmo coisa de maluco, mas você quer algo mais maluco do que carregar a vida toda crenças que não são suas, crenças que lhe venderam ou que lhe fizeram comprar?
Quando e como perdemos a conexão com a nossa criança interior? E o que acontece?
Perdemos essa conexão por volta dos 5 e 7 anos quando não nos sentimos amados, importantes, valorizados. É claro que não acontece de um dia para o outro, isso vai se desenvolvendo aos poucos.
E assim, vamos criando uma imensa necessidade de agradar para sermos aceitos e amados. Isso vai nos afastando da nossa essência. E como consequência, vamos crescendo com muitas necessidades emocionais, ou seja, não satisfeitas.
É muito importante, quando criança, expressarmos os sentimentos que estamos sentindo, seja ele de raiva, tristeza, ódio, frustração ou dor.
Muitos de nós adultos não tivemos direito a voz e muito menos ajuda na maturação dos nossos sentimentos.
Quantos de nós não ouvimos durante a infância frases como: “Cale a boca, aqui quem fala, sou eu”; ou ainda, “Criança não tem direito de falar e participar de conversa de adulto”; assim como “Pare de chorar por bobeira”; ou “Você não vai ganhar tal coisa, porque você não merece”.
Inúmeros são os exemplos que poderia dar. O pior de tudo isso é vivenciar estas dores na solidão.
Primieramente, vamos começar a tomada de consciência e assim, como a entender que são o abandono, as críticas, comparações, humilhações, cobranças e culpas que lhe afastam de quem você realmente é. Fazendo com que você se transforme em alguém que nunca sonhou ser.
Como trabalho com crianças diariamente, vejo quantos rótulos os pais colocam nas crianças. “Fulana é preguiçosa”; “Ciclano dá muito trabalho”; “Meu filho é terror”; já ouvi até “Meu filho é um monstro” e por aí vai.
A repetição gera uma crença
Imagine agora a criança que está formando uma opinião sobre si ouvir isso todos os dias? Essa será a percepção que ela terá sobre si mesma.
Muitas vezes os pais estão tão cansados e mal conseguem lidar com seus próprios sentimentos e demandas, quem dirá cuidar das demandas dos filhos.
Mas o que posso te dizer é que esses rótulos deixarão marcas para sempre nestas crianças que um dia se tornarão adultos e já estarão prontas para repetir o que lhe ensinaram.
Isso é chamado repetição de padrão. Então, se quando criança, você apanhou, e mesmo que isso tenha lhe feito um grande mal, você repetirá todo o processo com seus filhos, pois essa é a maneira que você sabe fazer.
E só existe uma maneira de romper com este padrão: tomando consciência através do autoconhecimento, que se adquire, olhando para as suas próprias feridas.
Com toda a certeza você conhece pessoas que sempre se sentem sozinhas e carentes. Ou que estão sempre esperando que alguém supra as suas necessidades afetivas.
Isso ocorre por conta da sua vivência na infância. E mesmo já adulto, estão desesperadamente buscando por reconhecimento, desejando ou esperando que alguém cuide dela, lhe alimente e lhe dê amor, aquele amor que lhe faltou na infância.
Existem vários momentos da sua vida que lhe trarão respostas muitas vezes reativas e não pensadas. Pare, olhe para estas reações e veja o que está acontecendo contigo.
Não deixe de olhar para sua criança interior, garanto que você aprenderá muito com ela.
E assim termino o post sobre criança interior…
E diga aqui nos comentários, você costuma olhar para a sua criança interior?
Faz sentido para você todo o conteúdo exposto acima? Acredita, que o simples fato de olhar para os sentimentos do passado e entender, é possível liberar crenças a você impostas?
Se desejar compartilhar a sua história, pode me enviar um email. Amo histórias e acredito que cada uma delas traz um aprendizado e assim, podemos evoluir para nos tornamos pessoas melhores.