Educação Consciente

Aqui algumas das frases que mais escuto de maezinhas, com algumas variações.  

Deixei de trabalhar pelos meus filhos….

Deixei de estudar pelos meus filhos…

Me separei do meu marido pelos meus filhos…

ou o contrário: Me mantenho casada, neste casamento abusivo pelos meus filhos…

Ao acampanhar algumas mulheres, as convido a verem o quão pouco responsáveis e algumas vezes até mentirosas são essas afirmações.

Muitas mulheres dizem que deixaram de trabalhar fora pelos filhos. E quando vemos a história do ponto de vista da criança, mesmo sem trabalhar, essa mãe não esteve ou está presente na vida desta criança. Não consegue se conectar com os filhos. Mas repete a frase diariamente.

Devemos parar e refletir se realmente estamos sendo autorresponsáveis com esse tipo de afirmação. Porque senão podemos cair no erro de entrar no jogo da culpa e da manipulação e dizer para os filhos “eu dediquei a minha vida a você e olha a sua retribuição!”. E sabe de uma coisa, nós, como filhos, compramos este discurso materno e o carregamos a vida inteira e começamos a nos sentirmos culpados pela vida de “merda” que a mamãe leva hoje ou levou um dia.

Eu vou te contar uma coisa. Eu pedi demissão quando a minha filha completou 5 meses e eu teria que voltar a trabalhar. E sim, eu larguei o meu emprego, mas não foi por ela, e sim, por mim. Porque eu não tinha capacidade para suportar a dor e quem sabe a culpa de deixar a minha filha com alguém que não a cuidasse como ela merecia.

E mesmo com toda a dificuldade de me conectar com as minhas sombras, aproveitei a oportunidade para me autoconhecer, entender os meus processos e confesso que essa foi a melhor decisão que eu pude tomar na minha vida. Aprendi a ser mãe, a me doar, a acolher, a me frustrar e a superar.

Com essa história que te contei, você consegue perceber que em momento alguém coloquei a culpa de não ter um trabalho fora sobre a minha filha? Eu quis viver o processo e não fugir da água fria que somos convidados a mergulhar no processo chamado, maternidade.

Antes de continuar falando sobre o assunto, quero te dizer, que não precisamos caminhar da mesma forma. Está tudo bem, se a sua decisão foi se manter trabalhando, meu papel aqui não de juíza. Aliás, tem casos que o se manter em casa, traz, de uma forma tão profunda, as nossas sombras, que o melhor é não se manter mesmo em casa. Pelo ao menos até ter consciência das maravilhas ou estragos que podemos fazer nos nossos filhos.

O único objetivo deste texto é mostrar o peso que vamos colocando sobre os nossos filhos. Em momentos distintos, atendi famílias, que vivem em situações bem parecidas. E as mulheres falavam com muito orgulho: “Eu me mantenho no meu casamento, suportanto tudo, pelos meus filhos.” E eu perguntei: e os seus filhos lhe agradecem por isso?

É claro que não,  porque em ambientes onde reina a violência, tudo que a criança menos quer é se manter ali. Agora, vamos nos colocar no lugar da criança. Essa criança vê uma família violenta, vê uma das pessoas que ela mais ama na vida, sendo acredita pela outra pessoa que ela também ama – a não ser que já tenha comprado o discurso materno contra o pai. E ela não tem maturidade psicológica e tão pouco financeira para sair deste ambiente.

E óbvio que esta criança vai ter percepções e criar crenças a partir dali. E muitas vezes distorcidas. Ela vai acreditar que deve se manter numa relação, onde não está sendo respeitada, mas que isso não importa, está fazendo isso pelo outro. Cadê o amor próprio?

Devemos ter claro em nossa mente e também no nosso coração, que nos dedicamos aos nossos filhos porque temos essa responsabilidade e porque queremos. Independente se decidimos ficar em casa para cuidar deles, ou se decidimos continuar trabalhando fora de casa, todas essas são decisões que incumbem somente a nós. Logo, não têm nada a ver com nossos filhos, por mais que o discurso seja “deixei de trabalhar só pra ficar com você” ou “continuei trabalhando para te dar o melhor”.

O que quero ressaltar é que tendemos a responsabilizar os outros pelas nossas escolhas quando queremos nos eximir da nossa e isso é um peso grande demais para os nossos filhos, já que a decisão nunca foi deles.

Eu amo esse chacoalhar de consciência. Precisamos tomar decisões conscientes ou o mais perto disso, assim como focar na nossa felicidade e na nossa realização pessoal. É inegável que cabe a nós pais buscarmos estabelecer um vínculo saudável com os nossos filhos com base na presença e na atenção.

Esse é o laço que vai ser o grande impulso pra eles voarem para vida sem dependerem emocionalmente de nós ou de qualquer outra pessoa. A nossa felicidade não pode depender deles e tão pouco a felicidade deles depender da nossa. Precisamos assumir a nossa responsabidade no direcionamento da nossa vida.

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